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Criada em 2011, esta 'startup' fez o seu primeiro piloto em 2013, na EDP Distribuição, e, desde 2015, que entrou "em força" para o mercado, trabalhando com grandes empresas ligadas aos setores da energia, água, produção de pasta de papel, petroquímica e cimento, bem como na energia nuclear em Espanha - "um mercado potencialmente grande" -, onde já trabalham nas centrais de Trillo e Almaraz, estando também em vias de instalar o seu serviço na de Cofrentes, perto de Valência, disse à agência Lusa o diretor executivo da Enging, Marco Ferreira.

De momento, a empresa tem vendas em Portugal, Espanha e Brasil e estão em vias de entrar em Itália e no Reino Unido, para além de terem perspetivas de penetrar, no futuro, noutros mercados, como a Turquia, Índia, Alemanha ou Áustria, informou.

A Enging, que foi selecionada para estar presente na edição deste ano do Web Summit, em Lisboa, criou um algoritmo próprio que permite fazer um diagnóstico precoce ou antecipado de possíveis avarias de equipamentos em contexto industrial, que se traduz para as empresas numa "redução de custos de manutenção com possíveis quebras de produção".

"Imagine que tem um equipamento no seu coração, que, 24 horas sobre 24 horas, está a monitorizar os batimentos cardíacos. Esse equipamento encontra alguma arritmia e envia-lhe um alarme para o seu telemóvel ou do seu médico de família, que espoleta uma ação sua ou do seu médico. É isso que fazemos nas máquinas", sublinha Marco Ferreira.

Desta forma, explica, a empresa pode planear uma paragem na produção quando é detetada uma possível avaria ou degradação, mediante o diagnóstico feito pela Enging, acompanhado de recomendações para a manutenção do equipamento.

Segundo Marco Ferreira, a entrada no mercado tem "corrido muito bem", sublinhando que "não há um setor chave", apesar de registarem maior faturação a partir das elétricas.

"Há uma diversificação de setores. Futuramente, queremos estar no setor automóvel, especialmente o dos veículos elétricos, em que a nossa solução pode ser uma mais-valia para a monitorização dos motores com uma interface com o utilizador do veículo que lhe indica se o motor está em ótimas condições ou se está com algum nível de degradação", afirmou.

De acordo com o diretor executivo da Enging, a empresa tem, neste momento, 13 trabalhadores, sendo que a perspetiva é alargar a equipa com a entrada em novos mercados.

"Estamos numa fase em que deixamos de ser uma 'startup' e passamos a ser uma PME [pequena e média empresa]", disse, salientando que a faturação também tem vindo a crescer a um ritmo acelerado, tendo registado 600 mil euros em 2017 (o dobro em relação a 2016) e a perspetiva é ultrapassar um milhão de euros em 2019.

A Enging foi fundada em dezembro de 2011, na altura em Coimbra, por quatro engenheiros daquela cidade, vindos de áreas como a engenharia física, mecânica e eletrotécnica.

Na sequência de um prémio da Câmara de Oliveira do Hospital, transferiram as instalações para a BLC3 - Campus de Tecnologia e Inovação.

Desde o início que, ao invés de procurarem um negócio suportado maioritariamente por financiamentos externos, quiseram sustentar o seu negócio em resultados, pegando nas capacidades dos fundadores, e ofereceram outros serviços que "não tinham a ver com foco do negócio".

"Com resultados positivos desde início, houve dinheiro para investir em I&D [Investigação e Desenvolvimento]", salienta Marco Ferreira.

"Ter um negócio alavancado em resultados é muito mais satisfatório e recompensador, do que alavancagens sucessivas e sem haver uma sustentabilidade do negócio. Assim, sabemos que passo é que temos que dar a seguir. A sustentabilidade é mais importante do que crescer de forma desmesurada", vincou.

Com a ida à Web Summit, a Enging espera desenvolver novos contactos e abrir novas portas e também dar uma maior visibilidade à empresa, que está sediada em Oliveira do Hospital, um concelho muito fustigado pelos incêndios de 2017.