vem aí um eclipse total da Lua, que se conjuga com o fenómeno de uma super-Lua; o Centro Ciência Viva de Constância estará aberto nessa madrugada para que se possa observar (e saber mais) sobre este fenómeno


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eclipse total de uma super-Lua a 27 de setembro de 2015 - RAMI DAUD/NASA


Vai ser preciso coragem para ver o próximo eclipse total da super-Lua: afinal, vai acontecer durante a madrugada de segunda-feira. A Lua vai começar a esconder-se na sombra que a Terra projecta no espaço às 3:34 (hora de Portugal continental) e a melhor ocasião para ver este fenómeno será às 5:12, já a meio do eclipse, quando a coloração da Lua será mais homogénea. Mas o esforço poderá valer a pena, porque o próximo eclipse total de uma super-Lua só ocorrerá a 26 de maio de 2021, segundo o site do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL).

“Um eclipse é algo que acontece pelo menos duas vezes por ano e que ocorre com 15 dias de intervalo do eclipse solar”, começa por dizer Máximo Ferreira, astrónomo e director do Centro Ciência Viva de Constância – Parque de Astronomia. A 6 de janeiro houve um eclipse do Sol que não se viu em Portugal. Mas o eclipse da Lua desta segunda-feira será visível com o mesmo aspecto em todos os lugares da Terra que nesse momento tenham a Lua acima do horizonte. Portanto, todas as pessoas em Portugal poderão ver este fenómeno.

“Um eclipse da Lua acontece sempre na fase de Lua Cheia e com a Lua a passar na sombra da Terra”, refere o astrónomo. Num eclipse lunar total, o Sol, a Terra e a Lua têm de estar alinhados com a Terra no meio, para que projecte a sua sombra na Lua. O nosso satélite natural irá então atravessar completamente a sombra (ou umbra) projectada pela Terra.

Vejamos então a linha temporal deste eclipse. De acordo com o OAL, a Lua começará a entrar na penumbra da Terra (sombra muito ténue) às 2:35. Aos poucos, a Lua vai escurecendo e ganhando tons mais acinzentados. Depois, às 3:34 a Lua entrará na sombra da Terra e irá adquirir tons mais avermelhados e acastanhados. “Começamos a ver a Lua como se estivesse a faltar-lhe um bocadinho”, frisa Máximo Ferreira. A Lua ficará completamente eclipsada por volta das 4:40.

Às 5:12 – a meio do fenómeno – ocorrerá o máximo do eclipse (portanto, o melhor momento para o ver) e quatro minutos depois atingir-se-á o “instante” da fase de Lua Cheia. Progressivamente, o eclipse vai terminando e às 6:51 a Lua sai da sombra da Terra. O encerramento oficial deste espectáculo astronómico será às 7:50, quando a Lua sair da penumbra.


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num eclipse lunar total, o Sol, a Terra e a Lua têm de estar alinhados com a Terra no meio, para que projecte a sua sombra na Lua - NASA


Durante este eclipse, há ainda outro fenómeno ao final da tarde de segunda-feira: o da super-Lua, altura em que o nosso satélite natural ficará simultaneamente em fase de Lua Cheia e no ponto da sua órbita mais próximo da Terra (o perigeu). “Em rigor, a super-Lua de 21 de janeiro ocorrerá às 19:59, momento em que é menor a distância entre a Terra e a Lua. O perigeu será de 357.342 quilómetros, embora a Lua Cheia tenha sido quase 15 horas antes [às 5:16]. Os momentos de Lua Cheia e do perigeu não coincidem”, explica Máximo Ferreira.

“Esta proximidade faz com que a Lua pareça 14% maior no céu do que quando a Lua Cheia ocorre no apogeu [o ponto da sua órbita mais afastado da Terra]”, indica o OAL, acrescentando que normalmente uma super-Lua é 30% mais brilhante do que uma vulgar Lua Cheia. Mas como esta super-Lua ocorrerá durante o eclipse, há perda de luminosidade. A melhor altura para ver a super-Lua será no seu nascimento no domingo às 17:06, segundo o OAL.

Máximo Ferreira avisa ainda que a super-Lua de 19 de fevereiro será ainda mais interessante para observar, porque a distância entre a Terra e a Lua será menor (356.760 quilómetros) e o perigeu será num momento mais próximo da Lua Cheia do que nesta segunda-feira (às 9:03 e o instante de fase de Lua Cheia às 15:54). Haverá ainda uma super-Lua em março, em que, no entanto, a distância entre a Terra e a Lua será maior (de 359.377 quilómetros).

Durante o eclipse da madrugada de segunda-feira, o astrónomo aconselha a que estejamos atentos a certos pormenores, como a curvatura da sombra da Terra na Lua e a coloração da Lua quando ficar totalmente eclipsada, que parecerá cor-de-tijolo, ou seja, ligeiramente avermelhada. “Durante um eclipse lunar, os raios solares incidem na Lua após atravessarem a atmosfera terrestre, onde são dispersados e perdem uma grande quantidade de luz azul e verde. Assim, durante o eclipse, a Lua não é iluminada com luz branca, mas sim com luz mais avermelhada”, explica-se no site do OAL.

Máximo Ferreira diz que “o bonito é observar à vista desarmada” o eclipse e sugere que olhemos para o céu antes de a Lua estar completamente eclipsada por volta das 3:30 e, depois, na fase de totalidade entre as 4:30 e as 5:30.

Embora este seja um fenómeno que se consegue ver da rua ou da varanda, nessa madrugada o Centro Ciência Viva de Constância estará aberto entre as 3:00 e as 7:00. Haverá telescópios apontados à Lua e explicações sobre este e outros fenómenos. Às 5:00 – já com a Lua perto do horizonte –, Vénus e Júpiter surgirão a nascente. Além de Vénus, poderão ver-se as quatro luas principais de Júpiter (Io, Europa, Ganimedes e Calisto).

Caso o céu esteja nublado e não deixe ver a Lua, haverá um programa alternativo: às 3:30 iniciar-se-á uma conversa sobre eclipses lunares e às 4:30 começará uma simulação do eclipse no Planetário do Centro Ciência Viva.

A entrada é livre e o melhor é fazer a sua inscrição por email (info@constancia.cienciaviva.pt) ou telefone (249 739 066), mas se se esquecer de fazer a inscrição pode aparecer na mesma. Uma coisa está garantida: haverá chá e bolinhos para os resistentes desta madrugada.























in PÚBLICO.pt