no final de agosto, detectou-se um corpo celeste que poderá ter vindo de fora do nosso sistema solar; se se confirmar, será o segundo objecto interestelar detectado até agora


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imagem do cometa C/2019 Q4 - TELESCÓPIO CANADÁ-FRANÇA-HAVAI



Esta semana, houve uma questão que entusiasmou particularmente o mundo da astronomia: será que recebemos a visita do segundo objecto vindo de fora do nosso sistema solar? Afinal, confirmou-se que o objecto descoberto a 30 de agosto pelo astrónomo Gennady Borisov no observatório MARGO, em Nauchnij (na Crimeia), pode ser um cometa interestelar. Chama-se “C/2019 Q4 (Borisov)” e tem uma aparência difusa.

Por que se considera que é um cometa? Porque tem a tal aparência difusa, o que significa que tem um corpo gelado no seu centro que tem produzido uma nuvem de partículas e poeira à sua volta conforme se aproxima do Sol e aquece. Cientistas da Universidade do Havai estimam que o seu núcleo terá entre dois a 16 quilómetros.

Depois de ter sido detectado no observatório da Crimeia, o Centro de Estudos de Objectos Próximos da Terra (CNEOS), da NASA, sinalizou o C/2019 Q4 como um possível objecto interestelar. Para se saber ainda mais sobre este cometa, cientistas do CNEOS e da Agência Espacial Europeia estimaram a sua trajectória precisa e determinaram se é originária do nosso sistema solar ou se veio de outra galáxia.

Actualmente, este objecto estará a 420 milhões de quilómetros do Sol e alcançará o ponto mais próximo a 8 de dezembro quando estiver a 300 milhões de quilómetros, refere-se num comunicado da NASA. Contudo, há astrónomos que defendem que isso poderá acontecer a 7 ou a 10 de dezembro. Quanto à Terra, com base nas últimas previsões, deverá passar a 274 milhões de quilómetros do nosso planeta a 30 de dezembro, de acordo com o jornal norte-americano The New York Times.


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ilustração da trajectória do C/2019 Q4 - NASA/JPL-CALTECH



“A velocidade actual do cometa é elevada, cerca de 150 mil quilómetros por hora, estando assim abaixo das velocidades típicas dos objectos que orbitam o Sol à distância a que está actualmente [a 420 milhões de quilómetros]”, explica em comunicado Davide Farnocchia, do CNEOS. “A velocidade elevada indica não só que o objecto é provavelmente originário de fora do nosso sistema solar como também nos abandonará e dirigir-se-á de novo ao espaço interestelar.”

Até agora, o único objecto interestelar detectado tinha sido o Oumuamua (nome havaiano para “mensageiro”). É um asteróide e foi observado, e prontamente confirmado, em outubro de 2017.

Quanto ao C/2019 Q4, pode ser observado em telescópios profissionais durante os próximos meses, de acordo com a NASA, que, para já, vai tentar perceber melhor quais as propriedades físicas, como o tamanho e a rotação, do C/2019 Q4, e continuar a identificar melhor a sua trajectória. “O objecto terá o seu brilho máximo em meados de dezembro e continuará a ser observável com telescópios de tamanho intermédio até abril de 2020 e, depois disso, apenas será observável com telescópios profissionais durante outubro de 2020”, avisa Davide Farnocchia.
























































in PÚBLICO.pt