o fabricante de carros eléctricos da Califórnia esperava há muito por este momento; capitalização bolsista da Tesla ascende neste momento a 370 mil milhões de euros, muito acima do PIB de Portugal

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a fortuna de Elon Musk, CEO da empresa, cresceu quase 13 mil milhões de euros - LUSA/ALEXANDER BECHER




Dezassete anos de vida, produtos pioneiros, inovação no ADN, muitas polémicas e uma capitalização bolsista que fazem dela a empresa de carros mais valiosa do mundo e que equivale a quase duas vezes o PIB de Portugal. Eis alguns traços de um retrato-robô da Tesla num dos momentos marcantes da empresa californiana: na segunda-feira à noite, foi confirmada a entrada deste fabricante de carros eléctricos e de armazenamento de energia, cotado na bolsa de Nova Iorque, a partir de 21 de dezembro, no lote de empresas incluídas no índice S&P 500, que reúne 500 grandes empresas norte-americanas e mede o comportamento bolsista desta amostra.

Será a maior entrada de sempre naquele índice, tão grande que levanta a questão de se saber se será feita em uma ou duas fases e que suscita outra dúvida: quem vai sair? A resposta só será conhecida mais tarde, mas há a possibilidade de ser uma empresa ligada à extracção de petróleo. Com o perfil da Tesla, que tem liderado a introdução de carros eléctricos em todo o mundo e vale mais do que toda a concorrência apesar de produzir menos unidades do que gigantes como a Toyota ou a Volkswagen, tal hipótese tornaria esta entrada ainda mais simbólica.

O anúncio feito na segunda-feira desatou uma ascensão meteórica do valor das acções da Tesla, cuja cotação subiu 13,2% na negociação electrónica em contínuo pós-fecho de Wall Street. Foi como uma cereja no topo de um fim-de-semana de sucessos para Elon Musk, cuja empresa de foguetões, a SpaceX, colocou mais quatro astronautas em órbita, com a cápsula da missão Crew-1 que acoplou hoje à Estação Espacial Internacional com um passageiro especial, um bebé Yoda em peluche, que serviu de indicador da gravidade zero para a equipa.

A subida nas cotações elevou a valorização bolsista aos 440 mil milhões de dólares, ou 370 mil milhões de euros, bem acima do PIB anual de Portugal (de cerca de 213 mil milhões de euros à referência de 2019). Ou seja, a Tesla ganhou cerca de 51 mil milhões de euros em capitalização bolsista na segunda-feira, dia em que tinha começado nos 325 mil milhões de euros - e a fortuna de Elon Musk, CEO da empresa, cresceu, nem que seja temporariamente, em 15 mil milhões de dólares nesse dia (quase 13 mil milhões de euros ... ).

Há muito que a Tesla cumpria o requisito da valorização para integrar aquele índice, mas como a entrada é feita por selecção de uma comissão, que se reúne uma vez por mês, e com base em oito critérios, esse momento foi sendo adiado.

Em setembro, a Tesla logrou o quarto trimestre consecutivo de lucros, outro critério de admissão relevante. Mas na altura a comissão que avalia a composição do índice deixou-a de fora. Como as razões nunca são públicas, especulou-se que isso poderia ter a ver com o facto de o mais recente lucro trimestral depender fortemente da venda de créditos regulatórios a outros fabricantes e não tanto com a fabricação e venda de carros. Mas todos sabiam que era uma questão de tempo.

Agora, os fundos de investimento com interesses no S&P 500 têm cerca de um mês para prepararem a “digestão” de um activo tão grande. “Será uma das entradas mais pesadas no índice e consequentemente deve gerar uma das maiores ondas de investimento na história do S&P 500”, explica a empresa responsável pela gestão operacional, a S&P Dow Jones Indices. Esta empresa pediu aos investidores que indiquem se preferem a entrada em um ou dois momentos.

Segundo a Reuters, esses investidores terão de se desfazer de acções no valor de 51 mil milhões de dólares e usar esse dinheiro para investir na Tesla, de modo a que o portefólio corresponda à recomposição do índice.

Neste momento, a Tesla vale mais do que 95% das restantes empresas incluídas nesse índice, onde pontificam Apple, Microsoft, Amazon, Alphabet, Facebook, Johnson & Johnson, Berkshire Hathaway, Visa, Procter & Gamble, e o banco JPMorgan Chase como as dez maiores. Mas, no total, a Tesla representa 1% do índice. O índice S&P 500 é uma das referências globais no mundo do investimento em bolsa.

Tal como muitos tweets de Elon Musk, o valor da empresa gera alguma desconfiança entre analistas que consideram que a Tesla vive numa bolha especulativa. Cada acção da empresa vale hoje cinco vezes mais do que os 80 dólares que valia no início de 2020.
































































in PÚBLICO.pt