Como Servir um Vinho Correctamente

Um vinho de qualidade deve ser servido com a consideração que merece. Se o servir de qualquer maneira pode ficar desiludido e tirar conclusões completamente erradas sobre a região que o produziu, o técnico que o preparou e o organismo que o garantiu.

Preparação
A preparação de uma garrafa deve começar várias horas antes do momento em que se tem intenção de a beber. Qualquer garrafa de um vinho de qualidade pode ter partículas em suspensão que não são visíveis através do vidro. Para que todas estas partículas se depositem no fundo da garrafa, esta deve estar na vertical, cerca de 24 horas, mas este tempo deve variar de acordo com o vinho e com o depósito que ele apresentar.

A que temperaturas beber
Os vinhos brancos, rosados e espumantes, bebidos fora das refeições ou servidos antes destas, são mais agradáveis bem frescos. Os nossos vinhos tintos devem ser servidos à temperatura ambiente.
A melhor forma de servir um vinho tinto à temperatura ideal, é deixá-lo 24h na sala onde vai ser servido. No entanto, se a sala estiver aquecida por caloríferos, o vinho poderá ficar demasiado quente e o seu paladar desagradável. Nesse caso, mantenha-o numa divisão da casa onde a temperatura seja amena.
Se um vinho demasiado fresco não possui praticamente paladar ou aroma, um vinho tinto aquecido rapidamente perde qualidades e nunca poderemos apreciá-lo devidamente. Assim, os vinhos devem ser refrescados ou aquecidos gradualmente; nunca devem sofrer grandes choques térmicos, não devendo ser refrescados num congelador ou arca com temperaturas abaixo de 10 °C.
Quanto mais doces, mais frescos, no entanto, nunca deverão ser bebidos a uma temperatura inferior a 8 °C. Os espumantes devem ser servidos a uma temperatura de 10 a 12 °C, os brancos a 12 ° e os tintos de 16 a 20 °C.

Refrescar
Se tiver necessidade de refrescar um vinho a servir de imediato, pode mergulhar a garrafa num balde com água e gelo, devendo a água estar ao mesmo nível para que todo ele adquira a mesma temperatura.
Pode igualmente, num dia de calor, colocar os copos no frigorifico, mas nunca refresque o vinho com gelo.
Não guarde vinhos demasiado tempo no frigorifico. Eles podem tomar um aroma e paladar estranho e desagradável, que depois conservam.

Abrir a garrafa

Também o abrir de uma garrafa deve obedecer a certas normas e exige algumas precauções.
Nunca abra uma garrafa precipitadamente e nunca sem a rodear de um guardanapo. Hoje em dia é raro que uma garrafa se parta, mas no caso de acontecer pode provocar golpes perigosos.
Quando pegar numa garrafa segure-a pela parte de cima para poder ver o rótulo e o depósito.
Limpe o cimo do gargalo, retire a cápsula, limpe a rolha, mas não limpe a garrafa. Se limpar a garrafa de um vinho com depósito pode agitá-lo e por isso o vinho turvará.
Introduza suavemente o saca-rolhas, segurando firmemente a garrafa com a outra mão. Não ultrapasse a rolha com a espiral, a fim de evitar que caiam no vinho partículas de rolha ou depósitos que se lhe tenham fixado. Se vê que a rolha é difícil de extrair, introduza o saca-rolhas em diagonal. Depois de retirar a rolha, limpe o interior do gargalo.
Para abrir uma garrafa de espumante, segure a rolha com firmeza depois de retirar o muselet; gire a garrafa, mas nunca a rolha que poderá partir ao tentar torcê-la.
É nesta altura que se deve, de um modo definitivo, verificar o estado de conservação do vinho: se há bolores na parte interior da rolha e dentro do gargalo é um último sinal de alarme; mas é pela prova que se sabe, de uma vez por todas, se o vinho está bom e se se pode apresentar aos nossos convivas.
Quando a garrafa é aberta à vista dos convidados, é costume ser o dono da casa a servir-se de um pouco do primeiro vinho da garrafa, para verificar o estado do vinho e, sobretudo, para ficarem no seu copo (e não no das outras pessoas) os eventuais resíduos de rolha.

Servir
Quando servir um vinho tenha cuidado de não tocar no copo com a garrafa; encha os copos até meio ou dois terços, a fim de poder imprimir um movimento giratório que permitirá apreciar o aroma.
Os vinhos, como todas as bebidas, servem-se pelo lado direito da pessoa que vai beber. A razão é simples: a pessoa que serve segura a garrafa com a mão direita e vai deitar o vinho no copo, que deve estar em frente, ou ligeiramente à direita do conviva; falo-á mais facilmente, se se aproximar pelo lado direito, com a garrafa segura pela sua parte média (nunca pela base do gargalo), o antebraço por fora ou por cima, com o rótulo perfeitamente à vista do conviva, e a pessoa que serve observando atentamente toda a operação: a altura, maior ou menor, a que o gargalo fica do copo, a espessura do fio de líquido que escorre, a subida do nível no depósito do copo, etc..
Quem serve deve estar atento a tudo isto e mais ainda: a qualquer sinal, por vezes quase imperceptível, que, eventualmente, o conviva pode fazer, sobretudo na segunda vez que se enche o copo, para significar parar. Por outro lado, quem serve deve estar apto a fornecer qualquer informação especial sobre o vinho que está a servir e que não esteja explícita no rótulo.
Os vinhos brancos e palhetes, sobretudo os que têm agulha, ao serem servidos, devem ser vertidos para os copos de uma certa altura, para provocar a libertação de gás e o arejamento; os tintos lisos podem ser servidos de mais baixa altura; os tintos mais velhos devem ser deixados correr para os copos, de um mínimo de altura, com o gargalo da garrafa quase tocando o bordo do copo.

Decantar
Decantar um vinho responde a duas exigências: desembaraçá-lo do depósito e arejá-lo.
A decantação vai melhorá-lo e pôr em realce as suas qualidades. No entanto, há quem pense que a decantação é uma heresia. Assim, se quiser formar uma opinião, pegue em duas garrafas do mesmo vinho, decante uma delas, de 1 a 3 horas antes de provar os vinhos, e compare os resultados.
Quanto mais novo e robusto é o vinho, maior pode ser o tempo de espera. Um vinho velho deve ser decantado pouco antes de ser servido. Se não quiser decantar os vinhos, abra-os sempre umas horas antes de os servir. Verá que os vinhos depois de respirarem, abrem o seu bouquet e melhoram o paladar.

Ordem por que deve servir

A ordem por que deve servir os vinhos é a seguinte: o seco antes do doce, o novo antes do velho, o branco antes do tinto.
É lógico que não poderemos apreciar um bom vinho seco, se antes tivermos bebido um vinho doce. Da mesma forma, deve-se servir um vinho novo antes do velho, porque o vinho que envelheceu está no seu auge e eclipsará um vinho novo, mesmo que seja muito bom, cuja maturação ainda não terminou. Isso leva-nos à regra fundamental da ordem dos vinhos: o último deve ser o melhor. O ideal é seguir uma progressão que vá do bom ao excelente, do leve ao encorpado, do simples ao subtil.
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