O Infarmed acaba de aprovar a imunoterapia no tratamento de primeira linha do cancro do pulmão. Controla-se o crescimento das células tumorais e recompõe-se o sistema imunológico. E isto é inovador.

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O cancro do pulmão é o que mais mata em Portugal e no resto do mundo. No nosso país, é responsável por cerca de 20% do total de mortes. A taxa de mortalidade é superior à do cancro do cólon, mama e próstata juntos.

Neste momento, há cerca de 4330 casos de cancro do pulmão no nosso país e os números continuam a aumentar.

Este tipo de cancro afeta mais homens, cerca de 75%, do que mulheres.

O cancro do pulmão apresenta maior incidência em indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos.

O tabagismo, a exposição a cancerígenos ocupacionais, mas também o género e fatores genéticos, são elementos de risco de desenvolvimento do cancro do pulmão.

Estima-se que a taxa de sobrevivência, relativa a cinco anos, para doentes que sofrem de cancro do pulmão avançado metastático seja de apenas 2%.

A imuno-oncologia é um tratamento inovador que garante benefícios quanto à sobrevivência do doente e vantagens na tolerância comparativamente às terapêuticas tradicionais.

O tratamento imuno-oncológico, agora acessível em meio hospitalar, destina-se aos doentes que desenvolvam o Cancro do Pulmão de Células Não Pequenas (CPCNP), o mais comum, metastático, e que não pode ser removido por cirurgia.

A imunoterapia funciona com a ativação do sistema imunitário do doente, através de moléculas biológicas, para combater o cancro. Assume-se como uma alternativa às terapêuticas tradicionais.

O cancro do pulmão é o que mais mata em Portugal e no resto do mundo. No nosso país, é responsável por cerca de 20% do total de mortes. A taxa de mortalidade é superior à do cancro do cólon, mama e próstata juntos.

Texto Sara Dias Oliveira

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) acaba de disponibilizar um tratamento imuno-oncológico inovador para o cancro do pulmão. Acessível nos hospitais públicos, portanto. Este tratamento, ao contrário dos processos mais tradicionais usados contra o cancro, como a quimioterapia, não se dirige diretamente à destruição das células tumorais. Faz outras coisas.

«O objetivo da imunoterapia é recompor o sistema imunológico, tornando-o mais competente, permitindo-lhe destruir as células dos tumores e assim controlar o seu crescimento», adianta à Notícias Magazine Venceslau Hespanhol, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.

«A defesa imunológica possui “equipas” de ação rápida e de ação programada possuidoras de “memória” que atuam de uma forma mais consertada e geralmente mais radical», refere o presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.

As expetativas são animadoras. «Os resultados atuais, envolvendo todos os meios terapêuticos disponíveis, e as perspetivas futuras permitem, de facto, falar em esperança…», comenta o responsável.

A imunidade defende o corpo de agentes agressores que chegam do exterior e é quando os controlos moleculares entram em cena. Venceslau Hespanhol explica que estes controlos têm como missão evitar que as nossas células de defesa destruam os seus tecidos normais. «As células dos tumores utilizam este mecanismo para se ‘esconderem’ e evitarem ser destruídas pela imunidade», concretiza.

A imunoterapia tem efeitos secundários mas são de menor intensidade em relação aos efeitos negativos da quimioterapia.

Apesar da boa notícia, nem todos os doentes com cancro do pulmão avançado, situação em que estes tratamentos têm sido utilizados, beneficiam desta resposta. «Tanto a quimioterapia como a radioterapia, ou os tratamentos dirigidos a alvos moleculares, são fundamentais para o tratamento dos tumores. A escolha é determinada a cada momento pelas características clínicas dos doentes, biológicas e moleculares dos tumores, baseada nos conhecimentos científicos».

Como em todos os tratamentos, há efeitos secundários com a imunoterapia, mas os efeitos negativos têm menor intensidade em relação aos da quimioterapia. Esses efeitos estão sobretudo relacionados com algum grau de autoimunidade e, portanto, podem surgir alterações do funcionamento de algumas glândulas endócrinas, como a tiroide e hipófise, alterações cutâneas, colite e mesmo pneumonite.

«Estes efeitos adversos são geralmente ligeiros, podem surgir a qualquer altura do tratamento, e mesmo depois do tratamento terminar, o que obriga à manutenção da vigilância clínica por períodos prolongados», diz Venceslau Hespanhol.


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